segunda-feira, 21 de junho de 2010

De onde eu andava, o dia parecia se arrastar solene. Sentada eu só via a praça. Os pombos beliscando, os mendigos mendigando, uma música muita alta vinda da enorme tenda de lona montada para as pessoas assistirem ao jogo de futebol, Brasil na Copa 2010. Sentia-me alheia a tudo e todos, possuida de um uma saudade enorme.

Uma saudade indescritível de tudo e de todos, como se eu tivesse morrido. Sim, porque assim deve ser a saudade dos que morrem: por que todos tem vida? Prazer, dor, sentidos...estou tentando ouvir minha própria voz, estou tentando procurar sentidos. Invoco meu Deus mais uma vez e junto as mãos. Estou orando.

No meio da praça, vejo a corda bamba, me equilibro. A criança passa brincando com uma bola (cheiro de casa).

O clima hoje está benevolente com os cidadaõs que há poucos dias estremeciam dentro dos seus casacões pesados, mas continuo trêmula, com o frio acumulado.

A morte me amedronta em um certo sentido, talvez só na sua forma de acontecer. E levanto e vou andando no sentido norte-sul.

A música volteia, desenvolve-se, parece aumentar absurdamente em volume; a noite vai chegando e com ela a necessidade de voltar para casa.
Olho a criança, a bola, os mendigos, os pombos, sinto-me estranha, abduzida.

Melhor que eu volte imediatamente antes que a noite me alcance, e sua escuridão medonha me absorva e me leve de volta ao meu planeta.

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