sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Não é mentira que tenho um corpo inflável.


E nem é mentira que tenho um papagaio de plástico.

Não é mentira que preciso, como uma criança de um bichinho de pelúcia.

Nem tampouco é mentira que o corpo do avesso é melhor do que o de direito.

Nem mentiras são as verdades que exponho com duplos sentidos, e me falo.

Nunca é mentira quando falo de Elisa, de Teresa, Macabéa ou Doralice.

Tenho duplos, e tenho medos, e tenho dor de barriga, e tenho amigos, fome e sede.



É tudo verdade quando se trata de uma mentira bem feita.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

À Boba de Clarice

fui te buscar, querida. fui ao cúmulo do universo.

sei das intempéries e do fausto pobre que te cerca...

e do quanto estás só...

busquei-te nas ruas, minhocas e avenidas.

entanto, protegida pelo sonho de ser nada,

vagavas. eu buscava em cada canto, em cada esquina.

busquei-te como quem busca uma pureza antiga

uma pureza antiga dum verso sem rima.

como quem cata piolhos na ternura de uma crina.

busquei-te e te vi nas incertezas, malas, aviões, e

navios sem esquina. praças, ruas, dormitórios crus,

sem abajours. sem chuveiros de água colorida.



encontrei-te dormida sobre colchoes na calçada.



porque te amo, te busquei insone, em noites mal dormidas,

macabéa, mauricéia, dulcinéia, pessoa sem sentido.



das lágrimas que teus olhos caem fiz-te um vestido branco.

sem nós, sem seda, sem nódoas de tecido.

apenas um vestido travestido da miséria humana.

eras..foste..existes...és! a minha, sempre

eterna, etérea, simples macabéa triste.

transmudas seres...existes... todavia. 

em teu corpo branco outrora residia

um negro ser que te vestia...

á, como te quero antes do passado..

antes do que te vestia, dessa veste branca

dessa veste infame...á, como eu te queria!)



sonhei teus sonhos mas era eu quem me dormia...

era eu...e tu só resfolegavas

as babas do cigarro, catarro de pulmões

que já não vivem...macabéa triste..



na mochila do teu rosto triste

um passado...macabéa que já não existe

fomos, eu para o lado da ventura

tu, alegre sem saber-se - quem sabe um dia,

encontramo-nos?: eu, pobre, tu, do outro lado da avenida.

cercando-nos, à toa o ritmo cego e fútil dessa vida.

embora lúcidas e sobrevividas, sobrevivem tolas, mansas e caídas.

como quem ri, e ri-se à toa, tola, tola... sabe-se tão mal querida.



- ri, amada, ri - que o mundo não passa de uma vala

onde o ser desmaia, a morte desanca a pele louçã dos que - ó!

pensam-se alegres e desmaiam-se na vala comum

dos tristes! - morte, um íntimo vulgar insulto.

macabéa, triste, digna, hirsuta,

passa com desdem, ora vai, ora vem...

e atravessa o tempo - o tempo...que não tem vivido!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Insípida - 06.11.2009 (Véio China disse eu insípida...rsrs)

Acabo de chegar de um bar virtual. Lá eles me chamaram de insípida. Achei interessante, porque eu pensei que não tinha nada de insípida. Mas, tudo bem. Às vezes essa minha lengalenga pode ser mesmo um saco! Nada demais. Nada demenos. Talvez a escassez de palavrões, ou a a exagerada exposição do eu acabem tornando a criatura insípida mesmo. Pura repetição, conversa de divã de psicanalista (ei, por falar nisso, uma vez peguei o meu dormindo: dor-min-do!)...Por pura insipidez, contei-lhes a estória da Lindalva. Agora falta contar a da Suley, e tem outra, que não lembro agora. Todas tem um nome e são verdadeiras insipências. A vida, né, que fazer, às vezes é mesmo INSÍPIDA.
Antes que eu fora gente, ainda no útero, tive um sonho. Sei qe ussi pe syrrealm* nas nunca é mentira. Desde que eu assuma.


*que isso pode ser surreal

Da inspiração

Eu que preciso tanto de inspiração...


que busco no cheiro do ar e no vento da terra

Eu, que me escondo nos varais e me estendo

inteira em manto triste...



Eu, que me quedo pensativa,

divina como deusa ardente

apenas me ausentando

da tua partida.

falar com as paredes

- Esqueça as promessas, esqueça os beijos, esqueça as mãos que se arrastavam silenciosamente pelas curvas, esqueça tudo. Me esqueça!
Digo às paredes mornas do calor da tarde, que parecem escutar entre a solidão que se arrasta no meio  delas.
Tornei-me amiga das paredes. botei-lhes nomes e endereços: parede da sala, da
cozinha..
O  analista me perguntou (no tempo em que eu era pirada): você fala sozinha? Pior, doutor, não só falo como respondo.
Falo com as paredes, quem não fala...?

grande feito

Como quem vai realizar um grande feito, sento no banquinho duro e começo a longa jornada. De manhã à noite, esvaziando as palavras no buraco negro da tela em branco. Depois, vem a sensação de vazio. Penso que acabou tudo, mas ainda tem palavras. Elas dançam intermitentes no meu pensamento levando embora as cores que eram antes das palavras. Já não sou mais, agora sou ex definitvamente. Busco a vida tateando esse teclado e ouço o som de tlec-tlec-tlec até que me sinto tonta, enjoada e parto para outras palavras, agora a leitura.


De fato, me enojo tambem. Reluto diante de uma escapadela ao boteco. Preciso ser um pouco animal e sair pelas ruas. O som das pessoas, porem, raramente - melhor dizendo, tambem me antoja.

Reclusa, cumprindo pena autoimposta (já dito antes) de solidão sem direito a condicional, porque nas poucas vezes em que me dei esse direito, me dei mal.

Fico fazendo o jogo das palavras e me perco, distinta do resto da humanidade; resta-me um banquinho duro e a falta de água. Tenho que ir ao boteco. Minha sede é eterna, aspiro a morte"



(A outra morte de outra Maca chora, Valéria...rs por mim....!)
É interessante o que pode gerar uma personagem universal... Releituras, vestidos novos e/ou puídos... (Eduardo Perrone)




Acho que Macabéia é assexuada. Incorpórea, embora manifesta pelas pegadas visíveis. E Olga ( ahhh ... a Olga...) bem entende a moça! Afinal... Quem disse que placenta jogada no lixo hospitalar não germina? (Roberto Klotz)
"Macabéa somos nós travestidos de crianças


Enquanto o tempo nos consome.

Macabéa é mulher e é homem.

"""""""""" Eduardo Perrone.....
Há um bardo ânsio de vômito.
Vomito o ócio.
Criativo.

como se (pretérito perfeito?)

Antes que eu nascera,
Já me houvera em parto

Meu pai errou a data,
Eu nascera depois.

(E adoro escrever nesse tempo de verbo,
é como se não houvera).

Fosse, então...Usá-lo-ia em tempo passado.

É sempre a sensação de como se.
Fora.

Quisera decidir no tempo vago.

Vivo entre ócios e delírios.

(Seria esquizofrenia? )

Soubera eu usá-lo (o tempo)

Riria de mim.

Rira.

dantes

Antes que eu nascera, já houvera um parto
Meu pai errou a data,
Nascera depois.

(E adoro escrever nesse tempo de verbo,
é como se não houvera).

Fosse, então...Usá-lo-ia em tempo passado.

É sempre a sensação de como se
Fora.

Quisera decidir no tempo vago.

Vivo entre ócios e delírios.

(Seria esquizofrenia? )
 
Soubera eu usá-lo (o tempo)
Riria de mim.
Rira.

na calma da minha casa

Vejo copos sujos. Tenho que tentar alguma forma de organizar essa bagunça que faço.
Tenho que tentar limpar o banheiro todos os santos dias, manter a roupa limpa e cheirosa, a louça lavada, manter alguma coisa para comer na geladeira (aliás, teria que comprar uma geladeira), pensar na saúde, voltar a fazer ginástica, parar de comer porcarias na rua, tenho que, tenho que, tenho... que ter tempo e não tenho (tempo).

Totalmente desorganizada, procuro a energia num copo de chá quente, procuro as contas para pagar, vejo as datas, algumas vencidas. Se fosse pobre, diria, preciso de um marido. Se fosse rica diria, preciso de uma empregada.

Brinquedo perigoso

teu corpo de lã
de algodão macio
reverbera um vago som
um vago som de fantasia
boneco de pelúcia
brinquedo perigoso
teu corpo,
teu corpo preguiçoso,
exala um segredo

o meu responde mudo
ao compasso do carinho
(podes ser apenas um gatinho!)

?és? verdad qué
(Y no quiero enganãrme)
jugas con fuego...bromas)
dejarme...a mi, herida?
verdad y no quiero engañarme,
jugando con fuego,
dejar que me hizo daño?

Lavando a boca

Menina não diz palavrão, senta de pernas fechadas.
E daí por diante. À mesa, garfo e faca, bem comportada.
Sempre calada. segredos às partes mais íntimas,
nunca contados, sempre fuxicados entre risos, entredentes
fechados. Cárie no dente da frente.

Diante de Deus

Confusa porque me perdi Dele. E as notícias das coisas que ocorrem no ceu se perderam entre as estrelas e a minha consciência que pesa como chumbo derrretendo meu cérebro.

Bela Cintra

Então...passo do cálice ao vinho. Erguem-se brindes à minha volta, e fico muda. É uma festa, há pessoas e comidas e bebidas. Repito para convencer-me, alguem escuta: - é uma festa!. É, M.A.J.M, é uma festa.

Visto o vestido de cor bronze-dourado, na útima moda, arrepio os cabelos e ponho bastante laquê, e já estava lá.

- Saúde! Saúde! Invocam aos deuses, como se fosse verdade.

Empurro os olhos em direção ao colo do meu vestido bronzeado e fico triste. Ninguem percebe, mas eu continuo triste até não dar mais. Então, saio à francesa (ninguem viu)

Na rua, um táxi me espera. Escolho o primeiro da fila, como se fosse algo inédito (eu sempre esqueço essa história de filas, não nasci para entrar nelas). O jovem pergunta:
- Onde vamos, senhora?
- Ahn?
- Onde a senhora quer ficar?
- Ficar? Ah, sim, pode pegar a Bela Cintra.
Logo logo estava em casa. Pendurei o vestido bronze no cabide de lavanderia, de ferro,
e fui dormir toda maquiada. Isso é festa, então, dormir maquiada.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Macabéa, a Farsante

Foi enfim desmascarada. Nao é nada do que dissera: nem pobre, nem feia, nem aleijada. Sobra-lhe tempo e dinheiro, é uma farsante, talvez tenha usado drogas.
Atualmente, vive em um pequeno palacete doado por um de seus amantes ricos, tem jóias, carro vermelho-sanguíneo e já cometeu o crime de colocar um pouquinho de botox.

Na verdade, é uma escritora famosa, premiada num exterior longíncuo e esconde o currículo para que ninguem saiba. É membro de uma Academia Feminista de Letras, dirige espetáculos pseudosbarraintelectobarramusicais, canta, dança, toca piano e violão.

Reune a nata da intelectualidade paulista contemporânea no seu mini-palácio onde todos bebem vinhos chilenos, franceses e alguns brasileiros indicados pelo Ronnie Von, convidados geralmente sofisticados que fumam charutos cubanos e perfumes de primeira linha, na verdade, intelectuais, a cúpula da PUC, políticos em ascenção, jornalistas em ascenção, todos assentados em almofadas de seda marroquina, incenso exalando ares benéficos, petiscos exóticos - como os asiáticos grilos fritos ao molho shtywbernh, e algumas cositas importadas por outro amante que é comissário de bordo  de uma empresa aérea. Gatíssimo.

Mais, muito mais, descobriu-se sobre ela: que vive de 30 porcento de uma quantia razoável  e vislumbra o aumento desse percentual para um futuro a curto prazo.

Mais, muito mais: que é cleptomaníaca, pelo visto, dado que roubou um par de óculos escuros e um maço de cigarros, quando já havia decidido parar de fumar.

Tem um príncipe secreto secretíssimo que é, na verdade, o sustentáculo, o mote, a inspiração da literatura que faz e manda aos ares.
Escreve aos pares e despacha pelo ar.
É isso. E tem mais.

diante do espelho

Paro exausta
A alma cansada
Diante do espelho

A imagem
Desgasta
Responde em apelo:
Cuida de mim,
Cuida!
Prometo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

tirei da tarde

Tirei da tarde
Tudo que ela continha:
O doce de goiabada
O licor de maracujá
O aroma do café
A face da faca
Fincada no bolo
A cereja de cima

Tirei  a cara do meu amado
No porta-retrato da sala,
A saudade... Tirei
Outro amor desastrado

A tarde ficou vazia

passando a frio

Passando a frio
O cabelo engomado

Quente do banho
Meu corpo anseia
Um calor
Desconhecido

execração

Corria na rua agoniada


E a turba de mãos

A que fora condenada

Corria atrás apedrejante



Da forca, a corda

Na mão esquerda



E à direita

O gume

Da faca do cadafalso.



Esquia como um alce

Morena, Jamba, Adocicada,

Mas...tinha, ó pudera...!

Cometido o crime de adulterado.



O pecado em seu rosto,

E no corpo

Marcas de chicotadas

ainda sob efeito

Fluoxetina, é isso? A doutura me recomendou. Não receitou porque não pode. Mas recomendou. Aí eu tomei duas doses de poesia, algumas gotas de cachaça, umas latinhas de cerveja. Ao lado, um cara enorme tocava um violão delicioso -  outra dose. A Ingrid acompanhando com sua voz tímida e sua doçura forte abençoada por uma mãe maravilhosamente companheira. Tomei uma pequena dose de inveja.
O César amigo que me recolheu na porta do cemitério no penúltimo sarau e sua namorada meiga e curiosa com tanta intimidade entre gente mal desconhecida, foi uma dose alegria vê-lo tão bem se refazendo da tragédia, Deus te abençõe.
- Quem é você? Perrone, não acredito!
- E você, Wilson R? -  como é diferente das fotos! E esses olhos verdes?
My God, estão chegando Ruy&Ruth!...Olha que coisa mais linda essa mulher e esse homão.
- Pensei que você era gay. - E sou, bem...! Prazer te conhecer pessoalmente.
Pausa para um beijo ardente.  Não preciso mais da substância.
Vou  escutar o "mar beixando a areia", e desapareço por uma meia hora o que foi suficiente para deixar a minha divina artista e anfitriã (Edeline) preocupada.
- Giovanni, Baby! - você é lindo! Ele  acrescentou que de noite fica mais bonito ainda. Tem testemunhas.
Closes na abundância da Blá-Blá. O encarregado de assuntos eróticos (Perrone) fez o trabalho. Uau! Uma dose de sensualidade tambem está na receita. Beleza, outro ingrediente.
Essa menina chamada Bárbara derrama tudo com a maior naturalidade: meiguice, poesia, sensualidade fresca e seriamente perigosa, outra dose.
Dizem que fiquei "chapada". Overdose quando o Boni olhava dentro dos olhos da platéia em estado de choque enquanto ele declamava o Wilson. Como era mesmo o nome da Humanidade?
A Tv papocava para todo o lado, e nosso RP, muito assediado. Excyting.
O Cris me ofereceu umas palavras tão assombrosamente receptivas quase ao meus ouvidos: muito prazer, bemvinda, credo! Nunca fui tão bem querida. A dose aumentava. A doutora não tinha receitado tanta fartura. Cuidado! Ela dizia com os olhos. Mas a fluo...como é mesmo...? me endoidava.
Nas vezes que o Ruy pegou o violão e entoou umas autorias, foi a dose de emoção que faltava, alem da voz da Rutinha declamando suas profundidades.
Chegou um casal distribuindo dose bem alta de palavras, letras bordadas num livro bonito. Deu de graça. Over, over...!
Foram dois Henriques, eu confundi. Já estava para lá de ... Ubatuba. estava em Paraty.
Agosto de 2010.

domingo, 8 de agosto de 2010

11-20 de 45 4 ago (21 horas atrás) ♥ Valéria


essencia de fundoooo... psicológico? hehehehehe 4 ago (21 horas atrás) Tim

Olguita, não entendi o espírito da coisa.

Sei lá, acho que faltou um pouco mais de informação.



Mas é só minha modesta opinião. 4 ago (21 horas atrás) Daniel

hirsuta eu não conhecia, interessante... Bom, sei lá Olguita, estranhei este, hehe... 4 ago (19 horas atrás) excluir olga

Avicularia hirsuta é uma espécie de aranha pertencente à família Theraphosidae (tarântulas). 4 ago (18 horas atrás) Wasil Sacharuk

A aranha perde os pelos quando "ela" passa? 4 ago (18 horas atrás) excluir olga

Condição observada em MULHERES e CRIANÇAS quando há um excesso de pelo corporal com um padrão de distribuição adulto masculino, como em áreas facial e peitoral. É resultante de altos níveis de ANDROGÊNIOS dos OVÁRIOS, GLÂNDULAS SUPRA-RENAIS ou de fontes exógenas. O conceito não inclui HIPERTRICOSE, que significa crescimento excessivo de pelo independente dos androgênios. """"" 4 ago (18 horas atrás) excluir olga

é,



acho que se trata de uma mulher cabeluda.



Talvez na planta dos pés.



Ou talvez quando depila doi muito.



Depedaça pelos. Sei lá o que é isso....! 4 ago (16 horas atrás) Creito

mooor!



fala pelas entralinhas né? 4 ago (16 horas atrás) Véio China Ψ





Isso dói!






Credo!



Pô Olguita! isso é um poema ou orientação hormo-capilar?



Mei doidim, né?



hehehehe 4 ago (15 horas atrás) excluir olga



Creitim, aqui a gente tem que ser óbvia, será? (só vc me entende)



Será que esse povo nunca viu uma hirsuta atravessando a rua de salto alto? putz, haja paciência...

gracias pela leitura atenta e inútil porque não entenderam.



bjs. primeira
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Hoje nem quero a boemia ("aqui me tens...")

Quero hoje apenas ser como a barata de Clarice. Hoje nem quero arriscar na minha pobre literatura. Quero ficar feliz por alguns instantes, firme na disposição de atrelar-me à mágica que aconteceu, e deixá-la aqui acrescentada ao resto do dia, um que se acaba lânguido na solidão das minhas asas aparadas.

Mais um domingo, este, no entanto, definitivamente feliz.

Nem quero plagiar mais (ao que disse que sou plágio). Não entendo bem o que seria isso, deve ser alguma coisa que acontece na hora do parto.

Hoje nem sou mais eu nem sou Clarice, muito menos Macabéa - hoje, sou só absurdamente, idiotamente, feliz, Olga.

Tenho em mim que foi muito bom o BDE na FLIP

Tenho em mim o que eu pudesse ter
E mesmo que não tivesse, eu o faria!
O poder de amar e compreender
Um gesto de amor e de alegria,
Um abraço, á Deus, quanta poesia
No Bar do Escritor, onde escrevo
Posto reposto, ganho tomates e
Confetes...às vezes, da maioria...
Tenho em mim agora a emoção
Da confraternização,
De abraços, longos, apertados,
Tantos homens de boa-vontade!
E as  mulheres tambem
Tanto som e excelência...
Tudo tão organizado...

Parabens Giovani  baby e Cris,
Deveras....

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

despedançando na chuva com Bandeira (p/poucos)

A garoa caia, e o tempo acelerava.

Meu passo era sombrio, como uno

Era o espaço que me unia ao mundo.

A chuva apertava.



Havia despertado tarde do sonho.

(Era um sonho de tarde);



Caminhando passeei torturas e

Comi pão pelo diabo amassado.

Andando na chuva por horas a fio.

Um frio intenso despedançando a alma.



"Tosse, tosse, tosse".

"A vida que poderia ter sido".

Já não é mais encharcada.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Nômada

andanças
errâncias
acertos

erros
discordâncias
vivo

a nômada
inconstância
dessa vida
que afere
inútil

ao tempo
vã!

inscrevo
em letras
maiúsculas

minúsculos
músculos
veias
artérias
ventre

vida
errante
11-20 de 45 4 ago (21 horas atrás) ♥ Valéria


essencia de fundoooo... psicológico? hehehehehe 4 ago (21 horas atrás) Tim

Olguita, não entendi o espírito da coisa.

Sei lá, acho que faltou um pouco mais de informação.



Mas é só minha modesta opinião. 4 ago (21 horas atrás) Daniel

hirsuta eu não conhecia, interessante... Bom, sei lá Olguita, estranhei este, hehe... 4 ago (19 horas atrás) excluir olga

Avicularia hirsuta é uma espécie de aranha pertencente à família Theraphosidae (tarântulas). 4 ago (18 horas atrás) Wasil Sacharuk

A aranha perde os pelos quando "ela" passa? 4 ago (18 horas atrás) excluir olga

Condição observada em MULHERES e CRIANÇAS quando há um excesso de pelo corporal com um padrão de distribuição adulto masculino, como em áreas facial e peitoral. É resultante de altos níveis de ANDROGÊNIOS dos OVÁRIOS, GLÂNDULAS SUPRA-RENAIS ou de fontes exógenas. O conceito não inclui HIPERTRICOSE, que significa crescimento excessivo de pelo independente dos androgênios. """"" 4 ago (18 horas atrás) excluir olga

é,



acho que se trata de uma mulher cabeluda.



Talvez na planta dos pés.



Ou talvez quando depila doi muito.



Depedaça pelos. Sei lá o que é isso....! 4 ago (16 horas atrás) Creito

mooor!



fala pelas entralinhas né? 4 ago (16 horas atrás) Véio China Ψ

Taquespariu!





Isso dói!



Fiz ontem minha depilação escrotal com o Filisheive. (descobri que aparando os pelos bem rentes...o bimbelo fica maior! E como estou numa fase de querer impressionar (????)



Credo!



Pô Olguita! isso é um poema ou orientação hormo-capilar?



Mei doidim, né?



hehehehe 4 ago (15 horas atrás) excluir olga

Véio, tem coisa que não tem jeito...se for o caso, é melhor se conformar.





Creitim, aqui a gente tem que ser óbvia, será? (só vc me entende)



Será que esse povo nunca viu uma hirsuta atravessando a rua de salto alto? putz, haja paciência...





gracias pela leitura atenta e inútil porque não entenderam.



bjs. primeira
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hIRSUTA

hirsuta


no seu passo duro

metálicos sons

saltam dos sapatos



essa é ela,

aquela que

hirsuta

despedaça pelos 4 ago (1 dia atrás) ♥ Valéria

duvido que essa dê ibope! hehehe 4 ago (1 dia atrás) excluir olga

tá ruim assim, Vau?

achei tão legal....ela hirsuta.



rss



vamu ver...aqui é laboratório (aliás, a Ivone disse isso ontem)...



Se não der "ibope" é sinal que não é do agrado das multidões.



Ai, o ator retira-se sob apupos.





kk..

Bjs, Vau. 4 ago (1 dia atrás) ♥ Valéria

... é, tudo bem! Vá bene... quero ver quantos puxa-sacos vc tem tá? hehehehehehe

vc é rica? 4 ago (1 dia atrás) Allan

Eu não sei se entendi (a menos que seja dedicado a uma depiladora cabeluda).

Mas gostei dos sons da bagaça. 4 ago (1 dia atrás) ♥ Valéria

... eu acho que a olga esta esmigalhando um barbudo ou uma cabeluda... um dos dois. Pisando assim... tipo: baratinha mesmo. sei lá, creio... 4 ago (1 dia atrás) excluir olga

Vau, sou rica, sim, uma das minhas grandes riquezas é a generosidade.



Puxa-sacos, eu? Nunca tive. Tenho raros amigos que sabem bem o quanto sou "dura".



No mais, tudo bem.



Outro bj.



Allan, se vc gostou, gracias.



Bj tb. 4 ago (1 dia atrás) Fulaninha

valéria, não hirsuta que o texto tem essência. rss 4 ago (1 dia atrás) Allan

A Olga (embora pareça não saber disso... rsrsrs) me é muito querida. 4 ago (1 dia atrás) excluir olga

Fulaninha sabe das coisas.....gracias.....bj







Allan, não sabia não. Fiquei sabendo agora, fiquei hapyy.....bjs.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

hirsuta

no seu passo duro
metálicos sons
saltam dos sapatos

essa é ela,
aquela que
hirsuta
despedaça pelos
Não se sabe o que aconteceu naquele período que antecedeu à morte. Talvez dores ou outras agonias intrínsecas, talvez nada mais do que um abalo no coração. O cérebro já estava morto. Não havia mais sinais vitais. Era um corpo sem pensamentos, sem contatos com a consciência. Ela  só tinha que ficar apertando aquela espécie de fole para que o ar circulasse e mantivesse vivos os pulmões. Tinha que seguir um rtimo de forma a garantir essa circulação para manter o pai vivo.

No entanto, de repente, num súbito lance de desistência, ela foi afrouxando a mão, diminuindo o ritmo do ar, até que sabia que o ar não seria suficiente para provocar o falso movimento que levava o ar para dentro do corpo morto.

Trocou com o médico um olhar misto de cumplicidade e espanto, e que a perdoe Deus, parou de apertar aquele objeto parecido com um desentupidor de pia.

Naquela hora, o último sopro de vida artificial que sustinha um pai estancou. Agora uma vaga lembrança, uma saudade doída e sentimentos confusos - "você matou seu pai", soava dia e noite aos seus ouvidos, como uma sentença vinda de sons divinos, do Dador da Vida.

Ela não tinha esse direito. Agora só lhe restava morrer tambem, só esperava a hora certa, mas sabia tambem que essa hora não haveria, que ela tambem teria que decidir com sabedoria a hora de parar de respirar e de viver essa vida artificial de culpa.
Desde sempre, sempre, sempre
Desde ontem.

Cláusulas em requerimentos
Virei autodidata.

Preenchi formulários
E um receituário

Desde ontem, ontem, ontem
Virei mitica solitária
Quando a menina-coisa virou mulher-objeto começou a escrever uns versinhos, umas coisinhas que postava numa comunidade onde havia gente muito interessante, gente nada interessante, gente arrogante, e gente com varias personalidades (o que na comu chamam "fake"). Certamente ela estava encaixada numa dessas categorias ou senão em todas.




A editora devolveu-lhe os papéis digitados em fonte Roman 12, e disse-lhe rispidamente: - De quinta categoria! Assim mesmo, sem dó nem piedade.



A mulher - vamos dar um nome à criatura: Macabéa Alice, não se importou muito. Ela sempre soube disso. Os professores diziam: menina, continue escrevendo, ela rasgava. Os cadernos cheios de poeminhas rimados que ela aprendia a fazer na escola com aquela professora de Português, Tania, rasgava todos, às vezes até queimava. Daquele tempo, já tinha instintos autodestrutivos. Coisas de menina-coisa.



"O público (alvo)*sentido amplo, prefere poemas eróticos-sensuais, com toques pornográficos, alguns palavrões ou insinuações explícitas (existe?). Querem cenas de cama, mulheres ardentes e violêntas, poedrosas, Nada dessas meninas meiguinhas que vem do interior, etc, etc, isso é lixo. Realmente, seu estilo é meio ruinzinho: Um dia ela é escritora na variedade poesia, outro dia escreve contos (que são chamados nanocontos, o que até hoje não entende - deve ser questão de espaço na comunidade), e outro dia qualquer ela tem uma espécie de diarréia verborrágica, despeja um conjunto de palavras que desencontradas formam uma visão até, por que não dizê-lo, ó céus - profunda da forma como ela se vê. Centrada em si mesma, nada de poesia social, feminista. Nada. A menina-coisa só escreve para não morrer mais cedo do que o previsto nas contas do Diabo.
nasciturna


nasci e morri

no mesmo dia



enterro e gloria



velas

incenso



foi-se a vida



num mesmo

instante



foi morte 2 ago (2 dias atrás) ***Edy

Bacana, Olga. Lembra um que escrevi e começa assim: Nasci ontem, hoje estou morto. Mas o meu é mais ácido, o seu é mais sereno. 2 ago (2 dias atrás) Yzzy Daniel

muito bom..singelo , leve e sensível. Gostei..é o tipo de poema q derrama lirismo . 2 ago (2 dias atrás) Daniel

Nanovida... rs 2 ago (2 dias atrás) excluir olga

é, um tipo de "conformação". rs





gracias. 2 ago (2 dias atrás) Luiz Carlos

Olga é dez!



"Nasci e morri num mesmo instante" 2 ago (2 dias atrás) Creito

olga é foda. 2 ago (2 dias atrás) excluir olga

Gracias, LC e Creitim...



NASCITURNA. 2 ago (2 dias atrás) suzana

bacana... 2 ago (2 dias atrás) excluir olga

gracias, Suzanita. primeira
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taciturna


quebrados os versos

espalhei

pelos cantos da casa

papeis amassados



cenho franzido

revirando cacos

procuro

o encanto que foram

os versos jogados



quebrados pedaços

reuno meus traços

outro mundo de versos

me aguarda

em paz 23:17 (9 horas atrás) excluir olga

quero o taciturna junto do nasciturna. up. 23:18 (9 horas atrás) Creito

hahahahah



sua boba. 23:19 (9 horas atrás) Hadassa

olha o cenho 23:21 (9 horas atrás) excluir olga

he he creitim...nosso caso de amor poético...é uma fábula...



um vôo.





olha as asas (Hadassa). 23:21 (9 horas atrás) Tim

Que doidera, gostei. 23:23 (9 horas atrás) Ivone fs

se não fosse a palavra "paz" no final do seu poema eu ainda tava perdidinha no meios dos papéis e idéias...jogando e pegando de volta...rasgando, colando, amassando





rsrsrs 23:24 (9 horas atrás) Creito

(: 23:26 (9 horas atrás) David

Curti um bocado.



Vida de poeta é difícil mesmo. Tem-se que ir na veia.



Concordo com Ivone. 23:26 (9 horas atrás) Márcia

gostei demais, olga.

aguarda mesmo.

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

saindo do túmulo

Saída do túmulo, ainda meio morta fresquinha, Macabéa levantou a cara amarelada e viu seu príncipe indo embora pela estrada afora.


Não era a primeira vez que um príncipe ia embora. Mas é que foram-se embora muitos príncipes, e isso é um desperdício de realeza.
- Onde vais?, pergunta a moça.
Ele olhou-a com desdem e nem se deu ao trabalho de responder à sua pergunta. Ela teve a ligeira impressão de que o viu cuspir de lado. Não duvidou, era bem seu estilo: palitar os dentes à mesa, colocar os cotovelos sujos em cima da toalha, chupar os ossinhos da galinha escaldada que gostava de comer às terças-feiras, arrotar, e ainda por cima essa de cuspir para o lado.

Menos mal, um príncipe a menos. Iria em busca de outro, agora novinha em folha, peito aberto a novos amores, novas aventuras. Estranha essa nova Macabéa. Antigamente ela não era de fazer essas coisas, mas agora ah! agora é vida nova!

Tinha aprendido algumas coisas úteis que poderiam servir na hora de se relacionar com esses machos empedernidos que andam por ai. Mas era tudo segredo. Segredo seu a quatro paredes. Nisso, o passarinho de plástico que ela comprou na vinte e cinco começou a cantar lá na cozinha. Apesar da porta aberta, ela ouviu, e isso sussurou-se um presságio aos seus ouvidos. Não era nenhum rouxinol, era de plástico, tão colorido que doi, mas...vá lá, Macabéa não mudou tanto assim.
hehehe... eu tenho um papagaio de madeira... fica lá na minha sacada... as vezes até eu me espanto pensando ser de verdade. Imagine os passaros que passam por lá...hehehehehe fico pensando o que os pobres passarinhos pensam, tipo: o beija flor entra no jardim e pensa que patso de passaro é esse que não se mexe, não canta, não beija flor! Cada uma! hehehehe. Então... o principe foi embora... vou contar o plano. Ela sabia que ele iria... apesar de não suportar a ideia, era assim que tinha que ser. maca sabe tudo de si(inconscientemente).


Olguita vamos combinar... vc escreve sobre maca e eu explico tá! hehehehehe

sempre bom ler maca. Ah! Sim... acuspida de lado foi acompanhada de uma bela coçada nas regiões baixas. hehehehehehe 30 jul (3 dias atrás) excluir olga

Quando Macabéa entrava em casa não se ouvia ruído nenhum. A casa era um silencio mortal. Depois que ela comprou seu pássaro de plástico, agora a casa tem vida. O bicho espera ela abrir a porta da cozinha, e alí está, com seu canto receptivo. Ela está apaixonada, e quando não canta, o pássaro, Maca pula, pula na frente dele até ele fazer aquele ruído mecânico parecido com um canto de gralha (talve tenha comprado o pássaro errado). Não importa, mesmo assim ela está apaixonada.



E pede que Deus ponha na sua conta a inocência de gostar tanto de pássaros. 31 jul

E pede a Deus que ponha na sua conta tambem o amar o cheiro das árvores depois da chuva, o barulho do mar, as ondas batendo e voltando para o seu lugar de origem "daí não passa", a maciez do beijo de mãe que nunca teve, um abraço apertado de pai que nunca deu, até por ser desajustada Macabéa pediu perdão a Deus.
Por se sentir só, quando Ele estava à disposição. Mais perdão.

Resolveu escrever um anúncio no jornal. Não, não era uma procura de Deus através dos classificados, nem tampouco um pedido de emprego. O anúncio trataria de uma espécie de proclamação à vida "que poderia ter sido e não foi".

Amem.

vade retra, Maca.

Domingo acabando. Por fim. O fuso horário de Maca alterou-se ontem à noite. Lembranças, velhos amigos, muitos desconhecidos, resultado: domingo na fossa. Alem da ressaca, ainda teve que lidar com o desconforto de uma chuveiro gelado. Queimou a resistência. Ah, nessas horas como faz falta um homem, como faz! Num instante ele trocaria a resistência, enquanto você segura a escada e ouve milhões de xingamentos contra o maldito chuveiro. Mas tá aí a água quente de novo.



Outro detalhe em que o homem faz falta no domingo: o futebol na tv. Ai, que saudades daqueles gritos de "porra! vai lá, cara! chuta! - putz (etc, etc) cara burro, até eu faria esse gol, juiz safado, filho da p...."



Mais um: macarronada. Hoje, por exemplo, comeu miojo a pobre Maca. Nada daquele panelão cheio de molho, e ainda, salada de entrada. Nada de cerveja tomada na lata, aquela toalha xadrezada na mesa enorme da cozinha, Filhos, sogra, genros e noras, e netos...ah, os abor dos netos...!



Mas, que história é essa Macabéa?, tu nunca tiveste filhos, nem marido, nem sogra, nem cunhadas, nem netos tu tiveste, infeliz! Pega teu vinho barato, toma de um gole só no copo de requeijão (herança do antigo morador), veste a camisola de flanela e vai dormir, desgraça. 20:21 (10 horas atrás) Ingrid

Sempre te lendo, gosto demais. Sabe querida amiga, aprendi a instalar chuveiros.bjs 20:30 (9 horas atrás) Véio China Ψ

hahahahahahaha.



Olguita, misborrachei de rir aqui.



O pássaro de plástico foi um must.



Mas..esse domingo e daquilo que poderia ter sido foi demais.



Hilário!





hehehehehehehehe



É impossível não te ler!!!



hehehehehe 01:09 (5 horas atrás) Creito

eu só sei dizer que te amo, e isso não é atoa...rsrs



eu gosto muito da sua forma de expressar, da sua forma de ser...

é uma grande, grande pessoa.



adoro, você, macabéa... =]



beijo óga, um dia vo te ver. 06:12 (16 minutos atrás) excluir olga

Macabéa estava linda. Tanto que quando chegou à padaria para o seu sanduiche diário de mortadela as pessoas se viraram para vê-la com sua botinha bege, o casaco novo (bege), e uma echarpe colorida linda, linda. Tinha batom na boca e um olhar cheio de música. Como sempre, cantava para dentro. Um homem ao lado comentou: música antiga, mas ficou ouvindo.

Não que ela cantasse alto, mas ele ouvia. Um caso raro de sintonia musical. Quando ela saiu, depois de tomar seu suco com sanduiche, ainda ouviu uma voz gritando: Macabéa!

Alguem a tinha reconhecido, não das novelas, mas dos sanduiches de mortaleza (desculpem a rima, mas naquela hora ela ainda era poeta. Apressou o passo, antes que a alcançassem e correu para o abrigo da sua kiti.
Ligou o computador, passeou pelos emails, pelos bate-papos, foi parar no velho orkut. Há três dias sua página continha 1443 recados. Nenhum recado novo. Nas comunidades, muita poesia. Estava farta de poesia. Achava que o tempo não estava para poesias. Nuvens negras cobriam os céus de textos.



E foi assim que ela desistiu de ser poeta.
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Ela foi criada a seco: no sertão dos Inhamuns. Água de pote, essas coisas que todo mundo está cansado de saber. Mas foi criada a seco de carinho de beijos de abraços.

Quem a vê hoje não acredita que teve bicho-de-pé, piolho, empinge, papeira, foi mordida por cobra, rato, e as baratas caminhavam nos cordões da rede.

Mas a maior secura que deve ter sentido foi a secura de carinho. Quando nasceu, sua mãe, com aquela caracteristica nordestina de ter filhos um atrás do outro, tinha três bebês. Eram como se fossem trigêmeos tão pequena a diferença de idade entre eles. E o pai nem olhou na sua cara de joelho (só nariz, repete a mãe até hoje), porque queria era mais um filho macho.

Talvez precisasse gritar muito para conseguir um peito, ou ficasse molhada muito tempo antes que a mãe pudessse vir trocar-lhe as fraldas. Mas no sertão é assim mesmo. Filho é quase como mais uma lagartixa na parede. Sobrevivem. Secos e grudados até que se mudem para a cidade grande. Isso não mudou, nada, meu deus? Continuam por aí, espalhados pelo mundo, grudados em palafitas e caixas de papelão. E ela se perguntava há muito tempo atrás: que fiz eu da minha vida. Ora, veio para a cidade grande. Então, seus parentes comentam não sem um certo ar de orgulho e condescendência: ela foi embora pra São Paulo. E os outros que querem vir (ainda doce ilusão), ficam imaginando a vida de glamour e liberdade que a a artista fracassada (ei, eles não sabem disso)deve estar vivendo na grande cidade. E bate a inveja e bate o telefone: "menina, ai como eu gostaria de ter a tua coragem!"

Estão sabendo de nada. 

domingo, 1 de agosto de 2010

A festa de casamento das-lu

Todas as mulheres estavam de vestido londo
Ela, de vestido curto
Todas as mulheres estavam de cílios postiços
Ela com seus cílios ralos
Todas as mulheres estavam acompanhadas
Ela estava só
Todos arrumaram cadeiras e se sentaram
Ela ficou de pé
Todos se serviram do jantar
Ela ficou enjoada
Todos ficaram, ela foi embora
No seu táxi amarelo
Ele esperava lá fora
Com frio
Era o espaço das-lu
Foram para o  baião de dois
Das-pu