quarta-feira, 23 de junho de 2010

Caminhava a passos largos pela rua. A noite terrivelmente fria assustava um pouco os passos, mas nada digno de nota, adorava o frio. Conheceu gente nova, gente interessante, divertiu-se, o que tem sido uma constante desde que começou a frequentar a Galeria. Ali havia gente de todo tipo, todos interessantes. Café, suco e alguns biscoitos estavam postos sobre a mesinha e a gente nem se lembrava de beliscar. Tudo arte. Qual é o teu trabalho, e o teu qual é?
A melodia que tocava ao fundo, nem se ouvia, era tudo arte.
- Adorei aqueles teus quadros. São fantásticos! A questão do vazio, não é?
- Sim...pode ser. Mas não foi nisso que pensei quando fiz as telas.
- Não? - e no que você pensou então?
Um olhar sério, profundo e compenetrado fitou-a por alguns segundos:
- A menor idéia. Não me lembro. Mas está bacana mesmo, gostou?
- Puxa, está super bacana o teu trabalho.
- E o teu qual é mesmo?
Procurando entre a~pequena multidão um espaço por onde esticar o dedo e apontar para o espalhafatoso vermelho/verde que estava na parede dos fundos.
- Lá, ó! aquele com o menino virando pé de guaráná.
- Ah, aquele saindo galhos pelos ouvidos?
- Hum.
- É, né... ... ... tá bacana, né? Assim... ... ...né?
- Não gostou, tá certo. Eu tambem não gostei muito, mas tinha que fazer...temático, não é mesmo? O temático prende, você não acha?
A baforada de cigarro mentolado atravessou sua roupa, primeiro, segundo, atravessou sua alma.
Enquanto andava pela rua fria, ainda rescendia a cigarro (mentolado).

Nenhum comentário: