segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

o teu retrato na parede

o teu reboco
ostensivo
tuas mãos
enormes frias
teu brilho tua luz
tua maciez -
ai!
arancar-te
derrubando
os alicerces
asas que fincaram
raízes nesta casa
surrupiar teus versos
apagar estrelas
que brilharam
sobre o mesmo teto
onde estou suspensa
de castigo e raiva
os destinos
que nos prendem
foram-se
como alcatrazes
prendem a seu amo
o escravo
desfaço-me
de tudo
que te lembra
que te vem
e que te vai
esse destempero
essa esperança
dane-se
quem queira
os destroços
destes teus
farrapos
e angústias
do que não deu certo
danem-se os bardos
que atiram
a forças dos seus
dardos
seus dedões
enormes
danem-se
ai!
apenas
a dor
e o desasossego
dos calos
nos sapatos
ardentes
das calçadas

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