domingo, 4 de julho de 2010

Eu te amei, homem

Te amei com umas forças que desconhecia
e com vísceras expostas entreguei-te pensamentos
os mesmos que usaste contra mim

Amei-te doce, sincera e ardentemente:
os teus dedos quando deslizavam por debaixo do lençol
procurando o teu gozo, a tua alegria - satisfi tuas fantasias

Amei-te quando na cozinha,
no requinte da minha pouca sabedoria
fazia o bife à milanesa e as batatinhas

Na alegria e na dor, quando morremos juntos
ao caixão do nosso filho...amei-te mais ainda

Amei-te cada dia que passou e cada longo ano
extenuado na retribuição falha e desarmada
com que me mandavas "cala a boca"

Amei-te tanto que fiquei calada
Tantos anos em letargia, estagnação...sem poesia,
só te amava

Amei-te tanto, tanto que esqueci que existia
e esqueci de me amar - ato falho da minha parte

Agora que não passas de lembranças agridoces
(doce/amargas) - sinto em calma absoluta,

Amei-te e já de ti me esqueço - que comidas,
que roupas eu passava, qual vassoura eu usava
pra limpar a nossa casa...?

Nenhum comentário: