segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amei-te com umas forças que desconhecia


e com vísceras expostas entreguei-te pensamentos

os mesmos que usaste contra mim



Amei-te com a fúrias das ardentes

os teus dedos quentes deslizando debaixo do lençol

buscando o gozo, a alegria - satisfi tuas fantasias



Amei-te quando na cozinha,

no requinte da minha pouca sabedoria

fazia o bife à milanesa e as batatinhas



Na alegria e na dor, quando morremos juntos

ao caixão do nosso filho...amei-te mais ainda



Amei-te cada dia que passou e cada longo ano

extenuado na retribuição falha e desarmada

com que me mandavas "cala a boca"



Amei-te tanto que fiquei calada

Tantos anos em letargia, estagnação...sem poesia,

só te amava



Amei-te tanto, tanto que esqueci que existia

esquecia de me amar - ato falho da minha parte



Agora que não passas de lembranças agridoces

(doce/amargas) - sinto em calma absoluta,



Amei-te e já de ti me esqueço - que comidas,

que roupas eu passava, qual vassoura eu usava

pra limpar a nossa casa...?

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