quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

SCRAMBLED EGOS

Sei que é assim que funciona. Essa letrinha de máquina de escrever é tão familiar. O meu é meu, o teu é teu, somos apenas semi-deuses enclasurados em frágeis rochas de cristal, com medo que alguem quebre o nosso sonho de perfeição, de felicidade, que é tão infeliz. Não, não me faça enxergar alem de mim, pode ser extremamente perigoso, não vou saber lidar com a janela aberta, a chuva entrando, ou a luz apagada, ou a falta de luz. Não vou poder lidar com o caos que pode ser a palavra errada, nem tampouco vou poder lidar com você, estranha, circulando em minha casa, sitiando minha liberdade. Tenho vontade de gritar "vá embora!" mas não posso. Você é parente, tenho que sair bonito na foto. Tão boa, tão hospitaleira...Mas estou me sentindo tão mal. Espalhei minhas coisas em todos os armários, ocupei todos os espaços, para que os hóspedes não tenham que colocar suas coisas bem arrumadas em espaços devidos, não...e não se sintam muito em casa, senão eles ficam para sempre. Tenho medo. E sabe o que gostaria de colocar mesmo na porta da minha casa?: "NÃO HÁ VAGAS'.
É preciso mais do que isso, no entanto. É preciso que eu tenha coragem de dizer em voz alta: não quero saber de você, você não me serve, não tem utilidade nenhuma, o que fazer com você. Como me sinto mal com você tocando nas minhas coisas, usando as minhas roupas de frio, abrindo minha geladeira, usando meu gás, minha luz. Atendendo o telefone, imagina...
Por favor, não atenda. Deixe tocar, não atenda. E nem pensar em dar meu número por aí...

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