Depois de tudo o silêncio recompõe-se no encontro entre as palavras mortas e a folha em branco. Se ao menos se chegasse a um consenso, um lugar comum, num lugar onde houvesse o verso. Mas não, tinha que percorrer a distancia entre o dia e a dor que ele prescreve em matéria de desencanto, até o tempo em que despertes para desaguar os pesadelos da noite mal dormida nos lençois ainda úmidos da espuma da esbórnia dos teus sonhos sórdidos.
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Hei que prescindir do bem e degustar as palavras como elas me vem enquanto espero. Afinal é minha história que escrevo. Com toda a falsidade que lhe assenta como uma luva da verdade. Mas, ainda assim, o silencio me persegue.
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A loucura está de sobreaviso e estende-se convidativa como um tapetevermelhodafama na corda bamba, pulsando um sanque de insanidade fria. Um passo em falso e a voracidade do verbo subtrai-nos com sua enorme língua cheia de nódulos, escarros e varizes, para depois cuspir-nos pedaços, fogos e estilhaços no árido deserto de um picadeiro. Cuspe invertido, jorro de palavras repletas de inferno.
- Ora, deixem-nos!
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(Esquece, não vou lavar tua roupa suja, teus lençois infectados de líquidos bastardos).
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Pardo, isolado no escárnio e na crueldade alheia, o corpo frágil debruça-se perigosamente na imensa solidão que o silencio esbofeteia.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
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