quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Eu e Clarice

O que me aborrece não é a "comparação" com Clarice. Sei que é deboche, na maioria das vezes.
O que me aborrece é que eu mesma me sinto muito Clarice Lispector e não sei o que fazer com isso. Ainda bem que não parei na Alice do País das Maravilhas. A necessidade de me identificar com um ser humano deve ter levado a esse exagero de identificação. Querer ser clone de alguem grande é doença psiquiátrica. Imagino-me num asilo de velhos daqui a algum tempo, andando pra lá e para cá, com um cigarro na mão e queimando colchões diariamente: "Sou Clarice, sou Clarice!" E agarrando os visitantes pelos braços, sacudindo-os e gritando: "Não está vendo minha mão toda queimada, essa pele branca e linda, esse ar de nobreza, essa boca polpuda e esse nariz arrebitado? - Sou Clarice! Preciso escrever alguns livros, onde está minha Olga?" Sim, todos os grandes tem uma Olga.

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