terça-feira, 13 de abril de 2010

ela existe, independentemente de vocês


Sentenças são escritas todos os dias. Apenas os réus são diferentes. Depois de todo o circo montado, os culpados joram julgados e vão para o cárcere.



Isso não tem nada a ver com Macabéa, a pequena menina do interior que já aprendeu a falar com os erres bem puxados. Ditos e não ditos, a história recorrente é a mesma da moça que estava ao lado dela, os sapatos afrouxados pelo uso, um cheiro de nicotina saindo pelas narinas, pela respiração, pela roupa mal cuidada. Parecendo sempre um romance de terceira categoria, Macabéa continua descrevendo entusiasticamente o que foi a noite passada ao lado do namorado.



- Mas, Maca, perguntava a moça aflita, não houve nada, nadinha?



- Claro que não, Rita, apenas estávamos em fase de reconhecimento, você não entende? Ai, meu Deus, como você é imoral...só pensa em sexo. Menina, prestenção:

o rapaz nem tocou no assunto.



- Mas tocou em você, pelo menos?



- Nem tem graça...olha, lá vem o meu ônibus...ih, Ritinha, tá cheio! Faz mal não.



Subiu no lotação, meio que dependurada abanou com a mão fraquinha para a amiga que tinha ficado no ponto. Pensou em ovos de Páscoa. Não faz o gênero Páscoa. Agora parece está sozinha de verdade, sem Páscoa, sem nada.

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