terça-feira, 13 de abril de 2010

As coisas aconteceram muito de repente, não se sabe onde está Macabéa. A única pessoa que a conhece (ou conhecia) está lá, dando entrevista para a televisão, mas não sabe se Macabéa morava sozinha, ou no barraco de um parente...a amiga apenas sabe pela descrição da própria Macabéa que a "casa" era seu lar, seu único lugar. Talvez lá esteja soterrada.




Sei que a história pode parecer piegas e oportunista, mas não há sarcasmo nem histeria. Apenas uma forma de tentar matar Macabéa, adequando a morte à sua forma trágica e inútil de vida. Assim morrem Macabéas tambem na vida real. Faxineiras, empregadas domésticas, mãosdeobra não especializadas...profissões sulbaternas. De quem trabalha para jogar o lixo onde vai morar. Joga o lixo na sua casa para onde volta à noite.



Vivendo em cima de dejetos, Macabéa pode estar morta, no entanto não sei se a quero morta dentro de mim, em cima do meu próprio lixo, ou se a quero sobrevivente dessa vida miserável a que foi condenada. Não sei se haverá mais metrôs e namorados, nem o trabalho que lhe garante o salário mínimo mínimo para comer algum pedaço de pizza, comprar um sapato novo, ir ao parque no fim de semana, comprar um livro na banca de jornal ou na estação do metrô, ajudar a pagar a escola do sobrinho que mora distante, mandar um dinheiro no final do mês para a mãe, não sei...se Macabéa ainda vai observar a vida, e fingir-se de filósofa enquanto gasta o que sobrou do salário tomando cerveja no bar.



Esta parte de Macabéa está encerrada. Segue a novela sem todavia saber-se quem é ,afinal, essa Macabéa que tantos desconhecem, ou desprezam, ou a sabem chata e sem graça, e ainda não compreendo como uma história tão tola, sem sentido, sem vida (?) pode sobreviver ao lixo.

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